sexta-feira, 15 de maio de 2009

Tarde da Noite insone
e o céu bailando
estrelas solitárias

A montanha que avisto
longe em sua face escura
acoita um horizonte
sombrio
onde sonhos cadentes
riscam de giz
meu olhar inquieto

Eu não estou só.
Um bando de morcegos
zanzam pelo céu
tapando as estrelas,
o som de atabaques
em algum lugar
atrás de mim ecoa
ancestrais cânticos
ícones de vida
e de luta contra
o Pesadêlo que
ainda ronda
nossos caminhos

Sou um homem
que há séculos
grita o meu ser
em genocídio.
ABAIXADAS,AS ARMAS

Hoje, eu não grito
mais,o que era
dito em surdina
nem o que
escondido
livre ressoava como
um míssil acordando
o medo das palavras

Hoje, eu assisto
de cima do vento
das mudanças
o rumor dos
berros do meu ser
guilhotinado pelo
espelho-chicote
em minha face

Hoje, acordo ainda
com seu vômito
em meus sonhos
oh deusa Europa
inacessível neblina
da minha longa
travessia oceânica

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O tigre morreu
afogado em litros
de otim
o boiadeiro em ti
luz enfraquecida
boiando
na enchente de fraquezas

O teu Orixá
distante um ano-luz
do teu ori
teu bara afogado
no sangue cristão...

O quê fazer?
Encontrarás no selvagem
concreto da cidade a
caça que roubaram
da África desnuda
de ti?

Que dor tão
grande esta que
me abate saindo
do teu olhar estremecido
que me deixa mudo
e
sem forças para
alegrá-lo nesta noite
onde os bebês choram
pesadelos antigos
aferrados numa corrente
de gemidos marítimos?

Oh palavra-calmante
que eu não sei de
onde buscá-la
Torço e retorço
um terço novo em
minha língua áspera
que muda permanece
embalsamada pela
ignorância voraz

Oh língua
coração salgado
de guloseimas de respostas...
Dormente por
onde nenhum trem passa
a não ser o silêncio da
foto de meus olhos
embassados
de som e fúria e
o nada.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A SUA CARA

A sua cara
me diz que
eu não devo
me dizer belo
Que me assente
assim desnudo
de mim
com essa alma
branca quatrocentona
varrendo do meu corpo
a melanina da noite
que me cobre
de cobre

A sua cara me diz
pelos seus olhos
o desdém do meu
hálito novo
sem o cheiro
subserviente de
correntes enxarcadas
de suor e sal
e do seu mando

A sua cara é
só espanto
dos escombros das
certezas coloniais
e
que não me assusta pensar
no escondindinho do porão
-deste navio à deriva de mim-,
um novo canto de sol
aonde as sabiás façam
coral com minha alegria
de me verem
neste espelho iluminado
da precisa poesia

todo inicio é perigoso

Dei o primeiro passo! Eu, completo analfabeto digital, num mundo-vasto mundo!, como disse Drumond-, bestial de informações via caminhos digitais espirituais e outros que me envolvem. Estou começando a me colocar nesses caminhos. Caminhos que me levarão a todos os lugares da minha casa. Salve a poesia, salve a consciência, salve a vida! SALVE A NEGRITUDE!
SEJAM BEM VINDOS A ESTE BLOG .


E SALVE OLVEIRA SILVEIRA GRANDE POETA DA NEGRITUDE BRASILEIRA!

Negrafias 02 Literatura e Identidade

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